Explosão em Berlim (Líbano) foi causada por material também usado em demolições regulamentadas

Demolição. O ato de deitar por terra um edifício ou outra construção está no imaginário de todos que acompanham séries e filmes de ação e também no dia a dia de profissionais capacitados e certificados da construção civil. Estamos acostumados a associar imagens de um estrondo seguido de uma nuvem de fumaça quando pensamos no assunto, mas as implosões – processo que causa a imagem característica – são utilizadas em casos muito específicos.

(IMAGEM1 – Fonte: BryanLever/iStock)

Marcos Monteiro, professor do curso de Engenharia Civil do Instituto Mauá de Tecnologia, disse em entrevista ao portal UOL que as implosões fazem parte de um “processo de demolição bastante rápido, mas que exige(m) cuidados com o entorno da construção a ser demolida para não prejudicar a estrutura de prédios e casas vizinhos”. Outro processo utilizado é a demolição manual que tem o custo como principal vantagem.

Independente do método escolhido, o planejamento é a parte mais vital de todo o processo. E, de acordo com a ALEC – Associação Brasileira de Locação de Equipamentos e Bens Móveis, “é necessário verificar o passivo ambiental, exigindo rigor na manipulação de materiais e no uso adequado de EPI’s (equipamentos de proteção individual); além de ter a certeza do desligamento da energia e neutralização de substâncias tóxicas, que potencializam riscos.”. Proceder manualmente no início do projeto é outra forma adotada pelos profissionais para evitar possíveis inconveniências.

Há vários casos onde as implosões não deram muito certo. Dois dos mais impressionantes são: a Torre Philips, na Holanda e um prédio em Liuzhou, na China.

Cerca de 100 kg de dinamite não conseguiram derrubar completamente o prédio da Philips de 70 metros em Eindhoven, na Holanda, que manteve uma parte de pé enquanto que a outra não caiu verticalmente. Felizmente, os moradores das 30 casas próximas do local saíram de casa bem antes do acontecido e o erro não fez nenhuma vítima.

O edifício em Liuzhou, na China, seria demolido para dar lugar a edifícios residenciais. A ideia de derrubar as duas partes do prédio que ficavam numa área bastante movimentada da cidade acabou não saindo como planejado. Somente uma das porções foi ao chão enquanto que a segunda permaneceu em pé. Guindastes e bolas de demolição foram usados para corrigir o erro.

Hoje em dia, os explosivos mais usados são as emulsões em gel e granulados – para atividades de mineração – e as emulsões na forma de banana – que são usadas nas implosões de construções e outras estruturas de concreto. 

O equipamento envolvido em uma implosão, seguindo as regulamentações necessárias, é composto pelos seguintes elementos: iniciador (ou detonador) – que pode usar espoleta comum ou elétrica -, cordel detonante, retardo explosivo e dinamite – feita de óleo mineral e nitrato de amônio.

E foi este forte oxidante, o nitrato de amônio, material também amplamente utilizado na agricultura como fertilizante e em processos de demolições – que ganhou as manchetes em 4 de agosto de 2020.

Muitos portais de notícias e pessoas – essas através de suas redes sociais – acreditaram que o que aconteceu na cidade de Beirute, no Líbano, naquele final tarde se assemelha às bombas nucleares. Mas, felizmente não houve nada de nuclear nesta tragédia, o que realmente aconteceu foi um incêndio que se iniciou no Armazém 12 do porto da capital do Líbano.

As autoridades inicialmente disseram que o incêndio começou num depósito de fogos de artifício e, ao chegar no local onde estavam armazenadas 2750 toneladas de nitrato de amônio, a explosão aconteceu. Hoje sabemos que foi uma sequência de negligências que causou a catástrofe.

O composto químico é relativamente fácil de ser encontrado e pode ser comprado em pequenas quantidades por qualquer pessoa em lojas especializadas. Consumido em grande parte pela produção agrícola, especialistas dizem que o nitrato de amônio sozinho não é explosivo, mas se torna perigoso quando submetido a altas temperaturas.

Nesse caso, ele pode sofrer decomposição térmica, liberando oxigênio – que alimenta a combustão – e outros gases, o que pode acabar gerando uma grande explosão.

A explosão de Beirute foi sentida a mais de 250 km de distância do porto e uma cratera de 100 metros de diâmetro surgiu no local, deixando o porto da cidade quase que totalmente obliterado – apenas 3% da estrutura sobreviveu ao impacto. O local do armazém – epicentro da explosão – desmoronou por completo e agora está coberto por água do mar.

Neste vídeo, o portal UOL compilou os registros feitos pelos moradores momentos após a explosão. Nele, é possível ver os danos causados na região da explosão que fica próxima a construções históricas, praças, mesquitas e áreas de lazer e convivência.

Fotos feitas antes do acidente e logo depois dão uma ideia do impacto da detonação.

Cem milhões de libras libanesas foram liberadas para a reconstrução de Beirute pelo governo libanês que já vinha enfrentando forte crise política e econômica. O Catar, o Iraque e o Kuwait já demonstraram solidariedade ao país vizinho e ofereceram auxílio na recuperação desta tragédia que destruiu 85% do suprimento de grãos da cidade. 

Acompanhe este vídeo da BBC que ilustra a catástrofe onde, além dos danos estruturais causados às construções da redondeza, mais de 100 pessoas morreram e 4 mil ficaram feridas.

Por que fizemos esta matéria?

A Lubrimatic é uma empresa especializada em demolição, por isso conhece mais profundamente os materiais utilizados para este fim. Fizemos esta matéria para ajudar a esclarecer os fatos, dentro dos aspectos do nosso trabalho. Esperamos ter contribuído com o conhecimento de mais detalhes.